Uma nova técnica de clareamento de tecidos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) possibilitou a criação de ratos transparentes. O estudo foi publicado na quinta-feira na revista “Cell” e os pesquisadores dizem ter conseguido fazer a transformação em uma semana.
A técnica, que também pode ser usada
para criar órgãos transparentes para estudo, é baseada em processos
antigos que revolucionaram a pesquisa anatômica. Nos anos 1800 os
cientistas já criavam amostras de tecidos transparentes, que eram
cortados em fatias finas e estudados em sequência — o que era útil, mas
também lento, como diz a autora do estudo Viviana Gradinaru, professora
assistente de biologia e engenharia biológica da Caltech.
Avanços recentes no clareamento de
tecidos permitiram que os pesquisadores estudassem conexões nervosas e
estruturas de órgãos sem ter que fatiá-los, fornecendo novas visões
sobre estruturas anatômicas até então escondidas.
A fim de tornar os órgãos ou organismos
inteiros transparentes, os cientistas removeram as gorduras (lipídios)
que tornam os tecidos opacos. Isto é realizado através da exposição a
detergentes, embora a remoção de gordura leve a outros problemas.
— Se você remover os lipídios e não
fizer mais nada, o tecido inteiro entra em colapso, porque os lipídios
são de certa forma o esqueleto de um prédio — disse Gradinaru.
Para manter a forma da amostra, os
cientistas a preencheram com hidrogel, que forma uma rede de cadeias
poliméricas que aderem às proteínas e outros compostos, criando uma
gelatinosa estrutura de suporte. Aí sim a gordura pode ser retirada da
estrutura. Mas o processo poderia ser usado no corpo humano?
— Na teoria sim, desde que o sistema circulatório fosse preservado — disse a cientista.
O Globo
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