Foto: AFP
Cerca de 300 pessoas
estão desaparecidas após o naufrágio de um barco que afundou na costa
sudeste da Coreia do Sul, deixando pelo menos quatro mortos. Cerca de
cem barcos e 20 helicópteros participam do socorro, e até agora 164
pessoas foram resgatadas. Com a chegada da noite (hora local),
mergulhadores de um grupo das forças especiais inspecionavam o local com
a ajuda de uma iluminação especial, mas as autoridades se mostravam
pessimistas.
A temperatura da água
em 12 graus e a profundidade da zona tornam difícil encontrar
sobreviventes. Além disso, a Guarda costeira acredita que muitos tenham
ficado presos no interior da embarcação.
— Temo que haja poucas
possibilidades de encontrar com vida os que estejam presos lá dentro —
disse Cho Yang-Bok, responsável pelo resgate.
Passageira ouviu um estrondo
A embarcação adernou e
afundou após raspar o casco no fundo do mar. O barco havia partido do
porto de Incheon, no que pode ser o maior desastre marítimo na Coreia
nos últimos 20 anos. A balsa levava 477 pessoas, sendo 448 passageiros e
29 tripulantes. Entre eles estavam 325 estudantes e 14 professores que
faziam uma excursão à ilha de Jeju. Até agora, o governo sul-coreano
confirmou a morte de quatro pessoas, um homem e três mulheres.
— Estava tudo bem. De
repente fez “bum” e houve um grande barulho de carga caindo — contou Cha
Eun-ok, que estava no deck fazendo fotos na hora do acidente. — Os
altofalantes mandavam as pessoas permanecerem… Quem permaneceu ficou
preso.
As operações de
socorro envolvem 18 helicópteros e cerca de cem navios, entre
embarcações mercantes, militares e da guarda costeira. O acidente
ocorreu a cerca de 20 km da ilha de Byungpoong.
— O navio fez água e afundou — declarou um porta-voz da guarda costeira por telefone.
A balsa enviou um
sinal de socorro às 9h (21h de terça-feira em Brasília) após, segundo
testemunhas, bater com a fundo do casco no solo marinho. Autoridades
temem que centenas de pessoas tenham ficadas presas na balsa, que virou e
afundou perto da ilha de Byungpoong em apenas duas horas após o envio
do primeiro sinal de socorro.
— Houve um grande
choque e a balsa parou. O barco adernou e precisamos segurar em alguma
coisa para não cair — disse um passageiro por celular ao canal de
televisão YTN.
Imagens aéreas
exibidas na televisão mostraram os passageiros com coletes salva-vidas
em botes infláveis. Alguns escorregavam pelo casco da embarcação,
totalmente inclinada, enquanto outros eram resgatados por pequenos
barcos de pescadores.
A balsa seguia para a
ilha de Jeju, um complexo turístico muito popular. Entre os passageiros
estavam mais de 300 estudantes de uma escola secundária de Ansan, uma
cidade ao sul da capital Seul, que estavam de férias. Os pais dos alunos
se reuniram na escola de Ansan à espera de notícias e tentavam obter
notícias dos filhos.
Várias pessoas foram
resgatadas por barcos de pesca e navios mercantes que estavam na região
antes da chegada da guarda costeira. Também participaram no resgate
mergulhadores e forças especiais da marinha.
— Há muito barro na água e a a visibilidade é muito escassa — disse o vice-ministro.
Causas desconhecidas
A balsa, uma
embarcação de 6.825 toneladas, zarpou do porto de Incheon na terça-feira
à noite, mas começou a registrar problemas depois de percorrer 13
milhas (20 km), diante da ilha de Byungpoong. As causas do acidente são
desconhecidas, mas alguns sobreviventes afirmaram que a balsa parou de
repente, como se tivesse encalhado, apesar das condições meteorológicas
favoráveis.
O barco inclinou mais
de 45 de graus e em seguida virou quase por completo. Apenas uma pequena
parte ficou de fora da água. A temperatura da água era de 12 graus
centígrados.
O tráfego marítimo
entre a Coreia do Sul e suas múltiplas ilhas é muito intenso e os
acidentes são raros, mas em outubro de 1993 quase 300 pessoas morreram
no naufrágio de uma balsa.
O Globo
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